quinta-feira, 31 de maio de 2012

SER TERAPEUTA


Você já parou para entender o significado de ser ou estar terapeuta? Seja de que área, profissão, ou do segmento escolhido para desenvolver seu trabalho?

A meu ver, a interpretação do termo terapeuta perdeu-se um pouco no caminho, distanciando-se da verdadeira essência de sua palavra. Infelizmente hoje o termo terapeuta é usado apenas para distinguir classes profissionais da área da saúde, como que demarcando um lugar ao sol. Ser terapeuta é muito mais do que simplesmente aplicar uma técnica ou ouvir um paciente. A palavra terapeuta traz consigo uma gama de interpretações e junto a isso uma grande responsabilidade.

A palavra terapia origina-se da palavra grega θεραπεία = CURA ou θεραπευτική = Tratamento. Outros estudos, entretanto, determinam que a origem da palavra venha além do grego, mas, do hebraico Teroupha que eram homens que faziam parte dos membros da escola judaica e estes não eram médicos. Tinham, entretanto os mesmos títulos dos essênios, que curavam através das mãos, com aplicação de argilas e utilização de ervas, tinham um ritual de purificação e uma filosofia superior, pois buscavam a cura da alma e de suas doenças limitantes como sentimentos de inveja, ódio, ira, ignorância, tristezas, fobias, apego, entre outros.

Curar, portanto não se restringe apenas a sanar um mal físico, com terapêutica medicamentosa, por exemplo, e nem só psicológica, como uma psicoterapia. Num sentido amplo da palavra CURA, pode-se incluir a ajuda do encontro com o ser na sua totalidade, da manifestação da sua Verdade Absoluta, que é a Vida em si. Pois a auto manifestação desta Vida é que produz uma vida plena e saudável em todos os sentidos.


A visão holística de saúde, já determinada pela Organização Mundial de Saúde, engloba os valores físicos, mentais, sociais e espirituais. E principalmente este último, não está se referindo à religião em si, ou dogmas, mas a Consciência de ser e estar participando de um contexto maior e mais profundo, ao qual, não se compreende totalmente nesta dimensão.
O terapeuta, portanto, deveria o ser e o estar na condição de um maior nível de encontro próprio, para desta forma poder conduzir também seu paciente a este encontro. Livre de preconceitos, de comparações e de projetos de vida pré-determinados pela sua concepção de vida, para que desta forma, respeite a individualidade do seu paciente na sua totalidade, sem julgamentos.


Também não adiantaria ajudar ou conduzir o seu paciente apenas no contexto espiritualizado (o da consciência e não o da religiosidade), e da saúde física, se este não orientasse ao encontro com a sua saúde social, a qual se refere a um leque de situações que nem sempre dependem somente dele.  Aqui entra a sabedoria de conduzi-lo de forma livre e autônoma para um caminho de escolhas individuais, com a responsabilidade de colher os frutos de suas escolhas, sejam estes resultados satisfatórios ou não.

O terapeuta, portanto, deve estar aquém da ministração de uma técnica, mas aquele que o outro (e não apenas o enxerga) como parte integrante da sua vida e da Vida em si, respeitando que cada um está no seu processo de crescimento, e este nem sempre será igual ao seu, podendo ser às vezes mais lento ou muito mais rápido. Também deverá ser imparcial para permitir que o outro se expresse e faça as suas próprias escolhas, mesmo que estas o conduzam a resultados que você acredite não serem bons, e isso deve ser espontâneo e não ser usado como forma de controle.  Deve ser aquele que se “auto curou”, ou está em processo avançado neste caminho, pois para que você ajude outra pessoa a entrar em contato com o seu mais profundo eu, deve estar também em contato com o seu verdadeiro eu, pois não se pode dar uma coisa que não se tem...
Para que se manifeste, portanto a auto cura, a primeira coisa a se fazer é rever valores, paradigmas e conteúdos internos pré-estabelecidos durante o processo da sua vivência. Questionando-se quais são seus REAIS valores e quais os valores simplesmente aceitos, por não ter na época, autonomia para rejeitá-los, por pouca idade, pouco conhecimento ou pouca (ou escassa) orientação “terapêutica” das pessoas que o conduziam, como pais, professores, líderes religiosos entre outras autoridades da sua convivência.
Deve se questionar se faz o que realmente quer fazer pelo prazer e amor que isto lhe acrescenta, ou se, porque comprou este valor devido a um “status” prometido, por falta única e exclusiva de sua autoestima verdadeira...

Conduzir o outro, em qualquer que seja o sentido (físico, mental, espiritual ou social), requer responsabilidade de integridade própria e para com o outro. Compromisso de amor e acima de tudo, consciência de sua limitação, tanto no emprego de suas técnicas, quanto na compreensão da Verdade da Vida, e humildade para reconhecer e buscar ajuda nas fontes.
E mais uma vez, coloco que, o profissional terapeuta, seja ele de qual profissão for, deve ter o desprendimento para compartilhar conhecimentos, e trabalhar em conjunto com outros profissionais para desta forma, visar o bem maior, que é a vida do seu paciente.

Abraços a todos!
Texto: Dra. Maria Lúcia Carvalho

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