Você já parou para entender
o significado de ser ou estar terapeuta? Seja de que área, profissão,
ou do segmento escolhido para desenvolver seu trabalho?
A meu ver, a interpretação do
termo terapeuta perdeu-se um pouco no caminho, distanciando-se da verdadeira essência
de sua palavra. Infelizmente hoje o termo terapeuta é usado apenas para
distinguir classes profissionais da área da saúde, como que demarcando um lugar
ao sol. Ser terapeuta é muito
mais do que simplesmente aplicar uma técnica ou ouvir um paciente. A palavra
terapeuta traz consigo uma gama de interpretações e junto a isso uma grande
responsabilidade.
A palavra terapia origina-se
da palavra grega θεραπεία = CURA ou θεραπευτική = Tratamento. Outros estudos, entretanto, determinam que a
origem da palavra venha além do grego, mas, do hebraico Teroupha que
eram homens que faziam parte dos membros da escola judaica e estes não eram médicos. Tinham, entretanto os mesmos
títulos dos essênios, que curavam através das mãos, com aplicação de argilas e utilização
de ervas, tinham um ritual de purificação e uma filosofia superior, pois
buscavam a cura da alma e de suas doenças limitantes como sentimentos de
inveja, ódio, ira, ignorância, tristezas, fobias, apego, entre outros.
Curar, portanto não se restringe apenas a sanar um mal físico,
com terapêutica medicamentosa, por exemplo, e nem só psicológica, como uma
psicoterapia. Num sentido amplo da palavra CURA, pode-se incluir a ajuda do
encontro com o ser na sua totalidade, da manifestação da sua Verdade Absoluta,
que é a Vida em si. Pois a auto manifestação desta Vida é que produz uma vida plena e saudável em todos os sentidos.
A visão holística de saúde, já determinada pela Organização
Mundial de Saúde, engloba os valores físicos, mentais, sociais e espirituais. E
principalmente este último, não está se referindo à religião em si, ou dogmas,
mas a Consciência de ser e estar
participando de um contexto maior e mais profundo, ao qual, não se compreende
totalmente nesta dimensão.
O terapeuta, portanto, deveria o ser e o estar na condição de um
maior nível de encontro próprio, para desta forma poder conduzir também seu
paciente a este encontro. Livre de preconceitos, de comparações e de projetos
de vida pré-determinados pela sua
concepção de vida, para que desta forma, respeite a individualidade do seu
paciente na sua totalidade, sem julgamentos.
Também não adiantaria ajudar ou conduzir o seu paciente apenas
no contexto espiritualizado (o da consciência e não o da religiosidade), e da
saúde física, se este não orientasse ao encontro com a sua saúde social, a qual
se refere a um leque de situações que nem sempre dependem somente dele. Aqui entra a sabedoria de conduzi-lo de forma
livre e autônoma para um caminho de escolhas individuais, com a
responsabilidade de colher os frutos de suas escolhas, sejam estes resultados
satisfatórios ou não.
O terapeuta, portanto, deve estar aquém da ministração de uma
técnica, mas aquele que vê o outro (e
não apenas o enxerga) como parte integrante da sua vida e da Vida em si,
respeitando que cada um está no seu processo de crescimento, e este nem sempre
será igual ao seu, podendo ser às vezes mais lento ou muito mais rápido. Também
deverá ser imparcial para permitir que o outro se expresse e faça as suas
próprias escolhas, mesmo que estas o conduzam a resultados que você acredite não serem bons, e isso
deve ser espontâneo e não ser usado como forma de controle. Deve ser aquele que se “auto curou”, ou está
em processo avançado neste caminho, pois para que você ajude outra pessoa a
entrar em contato com o seu mais profundo eu, deve estar também em contato com
o seu verdadeiro eu, pois não se pode dar uma coisa que não se tem...
Para que se manifeste, portanto a auto cura, a primeira coisa a
se fazer é rever valores, paradigmas e conteúdos internos pré-estabelecidos
durante o processo da sua vivência. Questionando-se quais são seus REAIS valores
e quais os valores simplesmente aceitos, por não ter na época, autonomia para
rejeitá-los, por pouca idade, pouco conhecimento ou pouca (ou escassa)
orientação “terapêutica” das pessoas que o conduziam, como pais, professores,
líderes religiosos entre outras autoridades da sua convivência.
Deve se questionar se faz o que realmente quer fazer pelo prazer
e amor que isto lhe acrescenta, ou se, porque comprou este valor devido a um “status”
prometido, por falta única e exclusiva de sua autoestima verdadeira...
Conduzir o outro, em qualquer que seja o sentido (físico,
mental, espiritual ou social), requer responsabilidade de integridade própria e
para com o outro. Compromisso de amor e acima de tudo, consciência de sua
limitação, tanto no emprego de suas técnicas, quanto na compreensão da Verdade
da Vida, e humildade para reconhecer e buscar ajuda nas fontes.
E mais uma vez, coloco que, o profissional terapeuta, seja ele
de qual profissão for, deve ter o desprendimento para compartilhar
conhecimentos, e trabalhar em conjunto com outros profissionais para desta
forma, visar o bem maior, que é a vida do seu paciente.
Abraços a todos!
Texto: Dra. Maria Lúcia Carvalho